quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor liberto (e-mail do Sávio)

Mais um e-mail de conversas filosóficas com meu amigo Sávio. Dessa vez, eu coloquei uma resposta dele. Nossas conversas sempre são assim. ^^ Sávio, você é um gênio! Te amo demais! xD


“O amor é a lei. Mas amor, sob vontade.” (Raul Seixas)


“Pra começar Luluca, sei que o ser humano pode receber uma enxurada de informações áudio-visuais e filtrar tudo como você mesmo disse no Tribunal de sua Consciência. Portanto vou tentar conversar da maneira mais sincera que puder e você vai filtrando certo!?
(...) vejo que você é uma pessoa que luta o tempo todo pra ser e pensar livre, mas digo da maneira mais sutil e quase que inconsciente onde as informações acabam por nos atingir de alguma forma e vai nos moldando sutil e lentamente, quase que sem a gente perceber, o que acaba por gerar uma máscara onde não podemos ser nós mesmos da maneira como gostaríamos de ser. Vou dar um exemplo (dentre vários que poderia dar, até mais subjetivos): a moda que surge como uma necessidade natural do ser humano de expressar sua identidade pessoal diante da sociedade, acaba tomando outras conotações até nocivas quando ela é manipulada por interesses capitalistas que priorizam a beleza estética (o ser humano sempre busca o belo no mais amplo sentido da palavra....é um tema que merece ser refletido p/ não se cair na possibilidade de condenar o belo como uma coisa ruim de maneira generalizada, caindo no risco de se emitir uma opinião sem autocrítica). Este parêntese foi aberto porque quis dizer beleza estética no sentido superficial da palavra, ou seja, de simplesmente valorizar a estética cada vez mais e mais em detrimento de tudo aquilo que está fora destes padrões pré-estabelecidos, onde tudo o que está fora desta nova convenção passa a ser feio, anormal e, consequentemente descartado. Beleza... aí a gente, ou melhor dizendo, eu (cada um responde por si), quando olho no espelho e dou uma conferida no meu visual de uma maneira preocupada tentando estar mais bonito e quando tento ou vejo algo que não me satisfaz (uma ruga, uma cicatriz, um cabelo branco, etc...), o que acaba por gerar uma certa angústia, pode ser um sutil sinal de que estou preocupado em estar inserido dentro do padrão pré-estabelecido de beleza. Não quero dizer pra sair esculachado(a) por aí, mas o que quero tentar dizer é que dá pra se arrumar e estar contente com a imagem que o espelho lhe apresenta, desde que se consiga enxergar você como realmente se vê naquele instante, ou seja, conseguir ver algo além da beleza física como simpatia, confiança, bem-estar ou mesmo tristeza, desilusão, ódio, etc... O rosto mostra tudo isto, de como realmente está nosso estado de espírito naquele determinado momento, mas, devido à influências externas, a gente acaba por enxergar apenas a beleza física em sua superficialidade.
Dá pra fazer uma maquiagem ou penteado realçando o que se tem de melhor em sua personalidade e não apenas em sua beleza física. Se perceber traços de tristeza, melancolia, pode-se maquiar realçando estas características, caso não queira se esconder diante de uma máscara que não corresponda ao momento em que se vive. Posso me mostrar triste também diante das pessoas se eu quiser, porque não? Ou será que as pessoas só ficam alegres e nunca se entristecem? Pode-se inclusive não se maquiar e sair sem máscara. Como vemos são várias as possibilidades, desde que o expressar livre não esteja sendo abafado pela formação de opinião que muitas vezes a mídia e o coro de pessoas influenciadas por ela nos impõe. (...) É impressionante Luluca, mas eu me vejo caindo nisto de repetir exatamente tudo que meus antepassados fizeram.....não ao pé-da-letra... mas aquilo de se ir perdendo a noção de seguir meus desejos mais sinceros, por causa da capa de culpa gerada por acreditar nas historinhas tipo ‘se não estudar não vai ser ninguém na vida....se não fizer isto ou aquilo da maneira correta Deus castiga... nooossaaa, você não se envergonha do que fez! É tão feio e
imoral... creeedoo!!!!... você vai mexer com arte!!! Xiiiii... larga disso sô... isso não dá camisa a ninguém!’ São historinhas que as pessoas repetem e é repassada de geração a geração sem uma crítica... e, se a gente não se blindar contra elas (com a crítica e a prática da mesma no dia-a-dia), pode ser causado um estrago profundo em nossa alma (claro, que nunca irreversível, pois o destino de nossa alma, acredito que seja infalivelmente a liberdade, o que pode acontecer é um retardo da mesma). Agora, quando você fizer 18 anos, você pode ter sua vida da maneira como gostar, mas com a possibilidade de tentar obtê-la de uma maneira em que deixe claro a seus pais, avós e parentes de que você quer ser você, o que a motiva a tomar tal decisão, mas nada a impedirá de continuar mantendo a mesma relação bonita que você tem com eles de respeito, carinho e consideração. Tudo será questão de muito diálogo e tolerância (sem esperar que façam o mesmo, pois às vezes pode não acontecer). Agora, na hora de tomar as decisões... será necessário sempre coragem e determinação pra ser feliz e obter sua liberdade pessoal. Claro, que algumas pessoas podem não aceitar de maneira alguma sua decisão, mas o tempo e o carinho em insistir numa relação de respeito mútuo superarão qualquer crise que possa vir a acontecer. Todos tem seu tempo para compreender e aceitar a dinâmica da vida... e existe também a possibilidade de pessoas passarem até uma vida inteira sem aceitar, mas cada um tem seu tempo. O dia que compreendermos isto, acho que cessam nossos sofrimentos por não conseguirmos aprisionarmos o outro em nossos sonhos e pretensões pessoais. O amor é muito mais amplo e profundo que a paixão, pois esta aprisiona ao contrário que aquele liberta... é o que sinto.”
Eu tinha escrito isso: “Mas eu também penso que, se um dia eu parar de mudar, vou virar mais uma garota comum na Sociedade. E eu não quero ser só mais uma guria medíocre, sem ideias novas nem revoluções. Sempre fui amante de novidades! Adoro descobrir coisas novas!” No que Sávio respondeu: “... Isto tem muito a ver com o que conversamos anteriormente......vai em frente, coragem e muita determinação.....você não vai parar de mudar.....as geleiras não param, as rochas sendo transformadas pela ação do tempo não param, as galáxias não param, o universo está em constante expansão, porque haveremos de parar? Não se preocupe... é uma necessidade natural nossa (‘[...] que eeeu sou feito da terra, do fogo da água e do ar!...’ Raulzão Seixas) ...nem você, nem eu... nem nós deixaremos de mudar!
(...)
Esta coisa da Beatriz” [Beatriz é a minha psicóloga] “entender a alma humana (não sei se falou isto de maneira irônica) sei não! Não sei se é possível ensinar isto em faculdade. A Bia, pra ser escutada por sua sensatez ao aconselhá-la acho muito legal, mas sou mais estas citações, depois digo o porque: ‘Antes de ler qualquer guru, escreva seu próprio livro’ (Raul Seixas)... ‘Naquele tempo a gente não tinha o luxo de ter psicólogo e a gente tinha que ser nosso próprio psicólogo.’ (entrevista de Carlos Drummond de Andrade ao programa Sem censura)... ‘Você já foi ao espelho, nêgo? Não? Então vá." (música Todo mundo explica de Raul Seixas)... ‘(...) o auge do meu egoísmo é querer ajudar (Carpinteiro do Universo de Raul Seixas, que acabou por ser um dos motivos que me fez deixar o GEEC).”
Eu escrevi: “Mas as coisas minhas mais profundas e até mesmo meus sonhos, é bom que ela saiba, porque por trás disso, talvez exista algo que nem eu saiba e nenhum amigo consegue explicar.” E ele respondeu: “Acho que ela seria capaz de, no máximo, dar sugestões e trocar idéias, não se colocando numa posição em que ela poderia lhe apresentar respostas definitivas, mas sim, discutir possibilidades. Agora, saber a exata medida da profundidade de sua alma e de seus sonhos, se alguém neste mundo possa fazer isto acho que não será ninguém senão você mesma (com a possibilidade inclusive de não conseguir encontrar respostas, mas de se contemplar o mistério, vivenciá-lo e fazer parte dele, sem desvendá-lo).”
E afirmei: “Eu tenho que ouvi-la, ouvir meus amigos e minha família, juntar tudo e levar pro tribunal do meu coração para eu mesma julgar as minhas ações e os meus
planos. Todos os conselhos de todo mundo são ouvidos e contemplados. A palavra da Beatriz é uma palavra de peso. Mas quem fecha com chave de ouro sou eu” Sávio aprova: “...Êta minina arretada! Essa minina vale ouro!!!! Qué mais qui sê qué que eu falo... cê já falô tudo!!! Quando converso com você, sempre tenho a impressão de que estou enfatizando o óbvio, já que eu sempre falo em cima de

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